terça-feira, fevereiro 14, 2006

desabafos ...

numa aula de 90 min a tentar ensinar alunos que não querem aprender, e em consequência disso acumulam dificuldades. Alunos para quem o professor pouco diz, alunos para os quais não há punição que seja uma verdadeira punição. Alunos abandonados pelo encarregado de educação, para quem uma expulsão é um óptimo motivo de férias. Uma aula em que metade do tempo é gasto a mandar calar, sentar, ensinar a postura correcta numa sala de aula.
Pode a escola dar alguma coisa a quem não quer aprender? Elaboram-se planos, adaptam-se curriculos, faz-se uma avaliação diferenciada...tudo isto para quem não quer aprender! Preparam-se estratégias em que o aluno é o centro da acção da sua própria aprendizagem...tudo isto para quem não quer aprender!
Eu quero ensinar... mas não consigo ensinar a quem não quer aprender.... afinal, passei 5 anos a ouvir que não há ensino sem aprendizagem.

8 comentários:

Anónimo disse...

Comprendo-te perfeitamente!Já passei por esse desespero e o pior é que ainda não descobri onde está a solução para esse problema. Este ano tenho tido bastante tempo para ler, reflectir, idealizar...se me permites uma sugestão (não é a solução, mas pode dar-te algumas ideias), se tiveres um tepinho lê o livro Práticas Pedagógicas compatíveis com o cérebro de Laura Erlauder, edições ASA. Quem sabe não te dá uma luz.
Um beijo grande - A emigrante

Joana M. Soares disse...

Paulinha, isso também é um desafio para um professor. Apontar estratégias para aliciar a quem (ainda) não sabe ver/avaliar o sabor do ensino, da aprendizagem. Arranjar esquemas para chamar a atenção para a sra.professora e o que de bom os alunos podem ganhar com a sra. professora. Lembro uma vez quando ainda no 8ºano e uma adolescente desnaturada, um professor nos levou para uma aula ao ar livre...foi muito bom!!...Teve toda a nossa atenção! Boa sorte...pelo menos todos os dias fazes aquilo que gostas*

Anónimo disse...

Ensinar não é tarefa fácil, mas é maravilhoso se conseguirmos abstrairnos das coisas más e, pensarmos no sorrido de um miúdo que quer saber mais, numa aula que passa sem o relogio notar.
há dias maus, mas também há dias muito bons; é por esses que vale a pena ensinar e tu bem o sabes.
Se a indisciplina te assusta e tefaz pensar que poderias fazer mais mas não sabes o quê! Não desistas nunca, bem sabes que esses miúdos não tiveram uma infância como a nossa, que não vêm a escola como nós. Tem paciência e verás que um dia te surpreendes com algum comentário dos teus índios que te fará perceber que afinal aprenderam alguma coisa.
Beijinhos grande da tua amiga conservadora de martelo na mão...

Cool disse...

Desabafar faz sempre bem, e de facto esta caso em particular não se revela nada fácil, mas acho que serve para uma profunda reflexão, é que entidades e pessoas que são responsáveis pelo ensinamento e formação de pessoas (como o são as escolas e os professores) não devem desistir, nem que seja pelo simples facto de os agoras miudos um dia mais tarde provavelmente irão sentir um arrependimento pelo desaproveitamento que tiveram, coisa que agora nem de perto nem de longe lhes passa pela cabeça.

Dra. Laura Alho disse...

Foi na minha primeira experiência de estágio que vi que não tinha paciência para ser professora. Ainda bem que voltei atrás!

COmpreendo que não seja fácil, mas ainda acredito que nem todos os alunos são assim e que é por aqueles que querem aprender (por poucos que sejam) que vale a pena fazer um esforço.

Coragem, querida! *

Anónimo disse...

Força Paulinha... sei que estás preparada para esse desafio. E hoje quem te despreza, um dia se recoradará de ti pelo valor que tiveste na sua vida... E há sempre alguém que te escuta. Há sempre alguém que aprende sobre a vida contigo. É isso que importa. Que sejas sempre tu mesma, com toda a força e garra para ensinar. Que sejas sempre Professora.

ChFer disse...

Um "desabafo" traduz um sonho. Um sonho de melhorar a nossa e a vida (social, cultural, escolar...) dos outros. De facto, todos "queremos aprender" coisas diferentes das coisas que nos propõem.
Cara Paula, "eles" aprendem realmente aquilo por que sentem interesse! E aí, nem sequer é necessário ensinar-lhes. Sabem mais que nós em muitas coisas. O problema "deles" é que provavelmente estão deslocados da sua adequada instituição de formação. Nesse caso, não há professor(a) que se sinta com êxito e satisfação plenos. Na verdade, se queremos ser um óptimo artesão, não há quem nos incuta a optimização pela engenharia ou pela botânica... (salvas raras execepções de polivalência!).
Assim, não há que estranhar os diferendos entre o ensinar e o aprender. No fundo, todos estamos a aprender a aprender. E, de facto, a relação ensino-aprendizagem não é de natureza causal. Mas, infelizmente, na população docente, muita gente (não toda!) perdeu a sensibilidade para acusar estes "desabafos", que, se não concretizam sonhos, pelo menos acalemtam-nos!
Um abraço.

João Branco disse...

Compreendo perfeitamente o seu " vai na alma"
Embora tendo 18 anos e ser estudante de Direito em Coimbra, compreendo porque já passei por aluno do básico e do secundário que o professor nem sempre ganha a melhor sobre o aluno, porque o gosto do aluno em aprender é diminuindo em relação ás coisas de adolescente com as novelas jovens, os garotos ou garotas e a bola...
Precisa de ser perserverante, embora havendo sempre a excepção de crianças inteligentes que as existem, sempre...
Força Paula!
Já agora deixo aqui o meu blog!
thesarcasticway.blogspot.com!
Vá visitar o meu espaço na net, comente se quiser, mas por favor veja o meu profile, para engrossar o numero de visitas( aposta pessoal de 1000 pessoas a ver o profile este ano 2006)
Abraço ou beijo, como quiser!
João Branco